quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

*Avesso de Guerrilha*



Amarrando o velho coturno com ares de rei
A cada laçada uma lembrança aguda o envolvia.
No tempo de cinzas talvez fosse ele o motivo...
Motivo do choro da menina humilhada e violentada.

Ancião de uma penosa esperança, ele segue seus dias.
A falta de um afago não se nota mais,
Soube guerrilhar contra seus sentimentos...
Hoje as cartas estão todas queimadas em súbito silêncio.

Pela janela um céu envergonhado de azul,
Campo de combate ao longe e aviões tão perto.
“O velho coturno te faz um rei tristonho, meu filho”,
Repete as palavras estúpidas em timbre enfraquecido.

Orgulho latente em olhos desesperados,
Mas o silêncio o leva pela mão.
Tempo de cinzas, o sinal toca, sente-se preparado.
Piedade contorcida, engolida quente feito saliva...


By Camila Passatuto

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

*Mãe, não há problemas, me deixe aqui, a dor passa.*



Mães inflamadas de dores em espetáculo singular.
Pais enfurecidos de raiva em cena de holocausto.
Filhos suicidas em noites de profunda rigidez.
Amores eternos em vales de lágrimas, amém.

Mãe, não corra para longe não posso alcançar.
Pai, espere mais uma noite, não me deixe só.
Os cortes, os comprimidos, a fuga, minha escrita...
-Alô, desculpe-me...Preciso conversar com alguém...

Olhos turvos, lábios chamativos, pele clara, clara até demais.
Foi uma época que incutiu em sua memória frases pesadas,
Sorrisos escandalosos, gritos inebriantes, pernas inquietas.
-Mãe, não há problemas, me deixe aqui, a dor passa.

“Às vezes o passado vem como trailer de um filme ruim que assisti...”.



By Camila Passatuto

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

*Autora, Atriz e Agora?"


Não será mais uma medalha, mais um título de honra
E tão pouco a coroa de ouro em minha cabeça...
Nada irá tirar de mim a essência da angustia e da dor.
Vou fingir um riso mal comedido para o público.

O amanhecer não me traz nem a esperança triturada.
A liberdade de correr por ai é mais um holograma...
Não vou apagar minha memória com felicidades,
Vou encenar o ato final em outro teatro, desculpe-me.

Os aplausos, os olhares, o carinho, a admiração, o hoje.
Tudo parece tão perfeito, mal sabem eles que acabou...
Nada acompanha a atriz até em casa, nada acompanha.
E não será mais uma medalha, mais um título de honra.

Permaneço só, com minhas neuroses e meus textos.
Permaneço só, sem nada, sem ar, sem ajuda, sem ela.

By Camila Passatuto














Tenho um blog de Elite? Pensei que ele fosse Undergroud rsrsrsrs