quinta-feira, 15 de outubro de 2009

*Poema e afim*



Deixe-me ser desavisada, sem compasso, sem queixa.
Quando me disponho, eu te refaço, poetizo sem ritmo.
Deixe o meu rock clássico casar com seu Nice Dream
E vamos assimétricas caçar mais um trago, meu amor.
Quando te encaixo, já não é mais um tipo de acaso, rimas.
Um rebalançar de melodia, então, poesia obscura te invade.
E vamos assimétricas recolocando tudo no lugar, te salvo.
Deixe o meu entusiasmo abafar sua depressão de domingo.
Quando nada for, vamos nadar entre pedras, brincar e sorrir.
Diga o que você vai precisar para preparar o jantar, eu ajudo.
E vamos desaconselhadas, colando os beijos, montando brigas.
Deixe-me ser desavisada, mas vou saber dos avisos, meu amor.
By Camila Passatuto

domingo, 9 de agosto de 2009

*Dias Atuais*


Tudo se embolia e emaranha de nós,
Os fios estão cada vez mais grossos,
O machucar de pudor, política, mentira.
Desiste um desespero em mim, desiste...

Caras escovadas e em ti me dissolvo,
O armário bagunçado ainda bloqueia,
Lá fora há nuvens gripadas, sarnas, hei!
Faça-me estranho, desfeito, encanecido...

Medo, descrença, eu esqueço, me beije.
Palácios de açúcar ainda estão em pé
Líderes molestadores em pé de mira.
E a evolução bagunçada ainda bloqueia...

Não vejo, não mais saio, não mais sou.
Precisamos de mais curativos, sim, dói.
Os sonhos ainda machucam, doem, sim.
Desiste um desespero. Fora Sarney!

By Camila Passatuto



Bloqueando a seleção de texto em um site


sábado, 18 de abril de 2009

*Aos*


Família de camaleão, corpo desliza, dança, reclama.
O aluno fala, não pode falar. Não pode pensar, não!
Século do 21, tenho apenas 20, mas penso , amor.
Mãe, chame a dona liberdade para quebrar as correntes.

Correntes de tecnologias, redes sociais, mestres podres.
Ensino de apostilas, ensino de maus dizeres, mestre podre.
Os olhos de inocentes brilham no cristal, a alma reclama.
Quebre uma regra e caminhe ao meu lado, sempre ao lado.

Mãe, não sei trabalhar, não tenho forças, não sei mentir...
Nasci para anotar o que é fugaz, nasci para não cumprir...
O aluno foge e queima, o batalhão em motim, eu recebo.
Sem melhores grifes, eu escolho os artistas pobres e inseguros...

Eu escolho os melhores...


By Camila Passatuto

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Limpe o Lavabo


O guarda-chuva e sua inutilidade me acompanham.
Os pés molhados e um pensamento inquieto, ando.
A cidade é de agora é de garoa é de garotas tristes.
Nenhum gesto me condena, a pele rasgada, sim...

O romantismo soterrado, pós-modernismo se quer,
O mal do século é das meninas, sumir-se, comer-se.
Nenhum gesto poetiza os carros, perco sangue, sumo.
Resumo as políticas, socializo a dor, comunismo ardor.

O mal do século cospe o que sobrou, a chuva se molha.
Passos descalços, o barulho de buzinas, o silêncio...
Pratear minhas mãos, existe injustiça nos verbos, amar.
E a cidade é de agora, é de garoa que as garotas insistem.


By Camila Passatuto

domingo, 4 de janeiro de 2009

*Adeus*


O instante quebrou meus ossos, mãe, dói tanto.
Poetizar agora é tão difícil, está tão varonil isso.
Os dedos atrofiados pela incumbência, e agora?
Acabaram os sonhos e o sangue escorre aqui.

O corpo todo exibe feridas e meu mau cheiro,
A garota sente medo, acabaram os sonhos, aqui.
Em palavras, em insulinas...Dorme a emoção...
O poeta chora, pois agora é tão difícil se drogar.

Mãe, peço para que tranque a porta e os expulse.
O momento é cicatriz, o momento é solidão, mãe.
Deixe as palavras da revolução comigo, eu morro.
O meu sangue é mais vermelho, minha fé azul, azul.

Aos meus filhos: a minha face quebrada, desculpe.
Aos leitores: uma estranha emoção descontente;
Ao meu amor: os livros perdidos da alma de Poe;
À minha vida: as palavras ainda não ditas, amém.


By Camila Passatuto