domingo, 4 de janeiro de 2009

*Adeus*


O instante quebrou meus ossos, mãe, dói tanto.
Poetizar agora é tão difícil, está tão varonil isso.
Os dedos atrofiados pela incumbência, e agora?
Acabaram os sonhos e o sangue escorre aqui.

O corpo todo exibe feridas e meu mau cheiro,
A garota sente medo, acabaram os sonhos, aqui.
Em palavras, em insulinas...Dorme a emoção...
O poeta chora, pois agora é tão difícil se drogar.

Mãe, peço para que tranque a porta e os expulse.
O momento é cicatriz, o momento é solidão, mãe.
Deixe as palavras da revolução comigo, eu morro.
O meu sangue é mais vermelho, minha fé azul, azul.

Aos meus filhos: a minha face quebrada, desculpe.
Aos leitores: uma estranha emoção descontente;
Ao meu amor: os livros perdidos da alma de Poe;
À minha vida: as palavras ainda não ditas, amém.


By Camila Passatuto